Uma falha crítica em software de controle de voo afeta aproximadamente 6.000 aviões da família A320 da Airbus, provocando perturbações significativas em operações aéreas mundiais desde a sexta-feira, 28 de novembro.
A descoberta originou-se de um incidente ocorrido em 30 de outubro, quando um voo da JetBlue entre Cancún, no México, e Newark, em Nova Jersey, experimentou uma descida súbita e não controlada de altitude, ferindo 15 passageiros que precisaram de atendimento hospitalar.
A investigação revelou que radiação solar intensa pode corromper dados críticos necessários ao funcionamento dos sistemas de controle de voo. O problema reside no software do Elevator and Aileron Computer (ELAC), componente produzido pela empresa aeroespacial Thales.
A falha foi introduzida por meio de uma atualização anterior do software dos computadores de bordo, conforme confirmado pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação.
A Airbus determinou que uma atualização de software urgente deve ser implementada em todos os aviões A319, A320 e A321 antes do próximo voo de rotina.
A Agência Europeia para a Segurança da Aviação e a Administração Federal da Aviação dos Estados Unidos emitiram diretrizes obrigando as companhias aéreas a realizar a correção, que levará aproximadamente duas horas por aeronave.
As consequências operacionais foram imediatas e generalizadas. A Air France cancelou 35 voos na sexta-feira, com antecipação de mais cancelamentos no sábado. A American Airlines, que opera aproximadamente 480 aeronaves da família A320 e teve 209 delas afetadas pela atualização, conseguiu completar a maioria das correções na sexta-feira, relatando apenas atrasos menores.
A companhia aérea colombiana Avianca enfrentou perturbações significativas, interrompendo a venda de passagens até 8 de dezembro para possibilitar a manutenção de cerca de 70% de sua frota.
Na Ásia, a situação também se mostrou disruptiva. Air India informou que seus engenheiros trabalhavam continuamente para concluir a atualização, tendo completado o reset em mais de 40% da frota afetada, embora sem relatos de cancelamentos.
A Autoridade de Aviação Civil da Índia ordenou que todas as companhias aéreas interrompessem voos de A320 até que as modificações fossem concluídas.
EasyJet do Reino Unido completou as atualizações em toda sua frota de A320, evitando cancelamentos, embora tenha avisado passageiros sobre possíveis atrasos.
Wizz Air alertou para possíveis impactos em seus voos durante o fim de semana, enquanto a Japan's ANA cancelou 65 voos no sábado em decorrência do recall. Air France-KLM anunciou o cancelamento de 38 voos em Paris, equivalente a 5% de suas operações diárias.
A perturbação coincide com um período de viagens intenso, uma vez que milhões de viajantes norte-americanos retornavam para casa após o feriado de Ação de Graças, considerado o período mais movimentado do calendário de viagens nos Estados Unidos.
O impacto potencial estende-se por semanas, já que centenas de aeronaves podem necessitar de modificações de hardware além das correções de software, prolongando significativamente os prazos de manutenção.
Entre as aeronaves afetadas encontra-se o Airbus A320neo utilizado pelo Papa Leão XIV durante sua primeira viagem internacional como pontífice, com destino à Turquia e ao Líbano.
A ITA Airways, responsável pelo voo papal, trabalhou para implementar as correções necessárias mantendo a programação prevista. O porta-voz do Vaticano confirmou que não houve risco à segurança do pontífice durante o processo.
As companhias aéreas recebem suporte da Airbus para normalizar operações. Para aproximadamente dois terços dos aviões impactados, o recall envolveria simplesmente reverter para uma versão anterior de software, um processo relativamente rápido.
Contudo, os centros de manutenção já enfrentavam pressão operacional preexistente devido à falta de capacidade de reparo e imensas filas causadas por atrasos em manutenções de motores e inspeções de outras aeronaves.
A magnitude desta ação reflete a importância crítica da segurança em operações aéreas. A Airbus, como um dos maiores fabricantes de aviões mundiais, prioriza a resolução rápida para restaurar a confiança operacional e garantir a integridade dos sistemas de controle de voo em toda sua frota comercial.
A conclusão das atualizações determinará o ritmo de normalização das operações globais nos próximos dias.
