A Polícia Civil apreendeu dois canhões anti-drones na quinta-feira (27 de novembro) durante operação realizada na Ribeira, bairro da Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Os dispositivos foram encontrados em uma residência monitorada após denúncia sobre funcionamento de central clandestina de internet, conhecida como "gatonet".
Os equipamentos apreendidos constituem armamento de uso restrito e funcionam emitindo interferência eletromagnética capaz de cortar o sinal entre operadores e aeronaves remotas.
Conforme explicou o delegado Felipe Santoro, coordenador da ação realizada pela 37ª DP (Ilha do Governador), os canhões anti-drones permitem que criminosos derribem, desviem ou capturem drones utilizados pela polícia em monitoramento de áreas dominadas pelo crime organizado.
A operação resultou na apreensão de mais material além dos canhões anti-drones. Os agentes localizaram rádios comunicadores e um revólver parcialmente desmontado, ambos encaminhados para perícia técnica.
O imóvel era utilizado por um homem já identificado que conseguiu fugir antes da chegada das equipes policiais e segue sendo procurado.
O setor de inteligência da 37ª DP trabalha com a hipótese de que os dispositivos seriam empregados para dificultar operações aéreas da polícia, proteger pontos de venda de drogas e blindar estruturas clandestinas de telecomunicação vinculadas a facções criminosas atuantes na Ilha do Governador e regiões próximas.
A descoberta integra um padrão crescente de sofisticação tecnológica entre organizações criminosas fluminenses. Investigações anteriores já haviam identificado equipamentos similares em outras comunidades, como na região do Acari, em julho de 2025, quando força-tarefa integrada envolvendo Polícia Militar e Agência Nacional de Telecomunicações apreendeu dispositivo antidrone operando com alcance de sete quilômetros.
De acordo com a Anatel, o uso de tais equipamentos no Brasil é proibido e somente autorizado para instituições públicas federais, como Forças Armadas, Presidência da República e órgãos de segurança pública.
O crescimento no emprego de canhões anti-drones pelo crime organizado reflete estratégia de contraposição à modernização das operações policiais. Nos últimos anos, agências de segurança estaduais investiram em tecnologia aérea para monitoramento e inteligência em áreas conflagradas.
Facções criminosas respondem com equipamento de guerra eletrônica obtido por canais ilícitos, consolidando um novo estágio na disputa por domínio territorial fluminense.
